Sou tudo aquilo que escrevo.Não há melhor forma de me conhecer.Nas palavras encontrei todos os sentidos.Nos gestos descobri todas as emoções. No amor descobri a vida em mim.Tudo em mim é mar, calmo ou violento, quando olharem esse azul imenso de água pleno, relembrem as palavras que escrevi, esse é o segredo de estar aqui.
Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2008
Foste por ai
Procurar as palavras
Que não soubeste dizer
Abreviaste os caminhos
Descobriste as enseadas
Nos trilhos da serra
Nas margens das águas
Chegaste a ti.
Nos brancos das casas
Das listas multicores
Dos morros que escondem o sol
Dos mantos das geadas
Das aldeias isoladas
Das solidões dos cajados
Das janelas vazias
Das árvores e das flores
Dos montes e dos abismos dos vales
Quiseste fazer memória
No sótão do teu olhar
E foste por ai
Contar os olhares
Abrigar as palavras
Noutras páginas
Doutras memórias
Deixa que te olhem
Deixa que te escutem
Deixa que te sintam
Deixa que te levem
De volta a cada instante.
Teimoso quiseste seguir
Ansioso desejaste voar
A distância mais perto ficar
Tranquilo deixaste-te Amar
Sonhador permaneceste
Nas nuvens embalado
O horizonte guardado
Silencioso escutaste a paz
Nos seus abraços sentiste
As cores da quimera
Deitaste o teu olhar
Na pele das águas do seu leito
Afagaste o calor que não tocaste
Nos murmúrios dos gestos enlevados
Calaste todas as palavras
E pela sua mão
Amaste, esquecida solidão.
Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008
Ai, quem me dera terminasse a espera
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor.
Ai, quem me dera uma manhã feliz.
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem ser casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim.
Vinícius de Morais
Quarta-feira, 16 de Janeiro de 2008
O andar descalço perdeu-se na praia do teu corpo
Os gestos desaguaram na foz do teu leito
Os lábios caminharam pelos recantos da tua pele
E a língua entranhou-se nos teus sabores
Na doçura dos toques
Tornaram-se macias as mãos
Antes amargas porque solidão
E as folhas das árvores
Agitadas fizeram manto
Nas cortinas das janelas
E escondem já dos olhares
O que vai dentro das paredes
Aqui se espalham pelo chão
Todas as ternuras amarrotadas
Aqui se inventam as fantasias
E por dentro dos olhares se sente alma no coração
Os silêncios são já tesouros
As palavras já não restam
Porque as histórias são maravilhas
Que lentamente devoram o mundo.
Terça-feira, 15 de Janeiro de 2008
Ainda não sei que amor é este
Ainda não sentiram as palavras vontade de caminhar pelas linhas
Ainda não senti o coração nos pergaminhos da memória
Ainda não sonhei para além do que o meu olhar alcança
Ainda não sei.
Ainda.
Sei que a seiva do teu amor me corre nas veias
Sei que vens, sei que partes a qualquer instante…
Sei que a tua nua voz se entranha em tudo o que profetiza
Sei.
Sei que os caminhos auguram todos os reencontros
Sei que os dias se perdem absortos dos anseios
Sei. Ainda sei. Talvez.
E quero.
Quero as caminhadas, nem atrás, nem à frente, sim lado a lado
Quero chegar-te para mim, aninhar-me a ti
Quero indagar do teu olhar indelével no toque do meu rosto
Sim, quero.
Quero ser o atalho por onde regressas porque tens pressa de mim
Quero ser as páginas do teu livro
Quero que sejas o meu prefácio e o meu epílogo
Quero ficar e não mais partir
Quero pertencer aqui.
Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2008
"Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa!"
A história que nos torna eternas crianças..