Sou tudo aquilo que escrevo.Não há melhor forma de me conhecer.Nas palavras encontrei todos os sentidos.Nos gestos descobri todas as emoções. No amor descobri a vida em mim.Tudo em mim é mar, calmo ou violento, quando olharem esse azul imenso de água pleno, relembrem as palavras que escrevi, esse é o segredo de estar aqui.
Sexta-feira, 9 de Novembro de 2007

Perto estão os dias em que o tempo custa a chegar...

Porto Covo
Agosto, 2007

Anda, vem… fica aqui só um pouco comigo. Demora-te apenas o tempo em que me amas de verdade, intensamente, mais a cada dia e quando o deixares de sentir parte, fica perto de quem amares depois de mim. Só te quero amar assim, só quero que me ames assim…

Deixei a serra e os caminhos sinuosos, agora vagueio ao sabor e ao cheiro das ondas do mar aqui tão perto. Permaneço onde quero ficar, os pés enterrados na areia, as ondas desejosas de desaguar mais perto dos corpos que descansam mesmo à beira da espuma que teima em regressar ao mar.
Espero por ti… só espero por ti…
Às vezes espero por ti, não todos os dias. Não. Porque isso seria desesperar o desejo de ter o teu corpo junto da minha pele a cada noite, a cada dia seguinte…
Por isso regresso ao mar todos os dias, sem esperas, sem desesperos, sem angústias, sei que está aqui, para o ver, para me ver, aqui tão perto, tão embrenhado na minha pele. Carrego o cheiro, embrulho-o nos lençóis à noite, transpiro-o nas paredes da casa dos meus regressos.
E depois as pessoas, pensamentos tão complicados, às vezes os sorrisos.
Os olhares anseiam livros inteiros de palavras, sentimentos, sonhos, amores… Gosto de ler nos olhares os silêncios das frases escondidas do mundo à volta.
Há palavras que se querem dizer, há frases que é preciso verbalizar. Há vontades, desejos que teimam permanecer em silêncio, subterfúgios inventados. Há caminhos, trilhos sinuosos que apenas se conseguem fazer, porque os silêncios contem todas as necessárias palavras.

Mas é preciso contar todas as pequenas letras, as mais importantes, ainda que as acções digam tudo, há que exprimir, faz bem à alma, enche o coração de alegrias plenas, é importante dizer, é mais importante escutar, saber, saborear os desejos nos olhares, sentir no mais recôndito da nossa pele, parar, escutar, sentir… o tudo em nós.

Escutar a tua voz, desenhar as palavras, desejar as vontades da pele, pintar os sentimentos nas frases… pensar em ti depois de adormecer e acordar contigo.

‘I like the strong waves’ alguém disse olhando o mar num vislumbrar sobranceiro por cima das tendas e da confusão cada dia mais matinal.
Há um velho senhor que todas as manhãs paira por aqui, que com a sua boina preta faz lembrar quase um pintor do ‘quartier latin’ em Paris. Todos lhe querem tirar fotos indiscretas, um destes dias ou é capa de revista ou parte de um qualquer álbum de gentes, lugares e viagens no MySpace, HI5 ou um desses abrigos virtuais na Web. Acontece, ainda que sejam 5 minutos de fama numa vida que se ganha, que se perde.
Há momentos das nossas vidas que se avizinham partes de um acontecer destinado, que contra a nossa vontade ou desejo se concretizam na mais pura e magoada realidade.
Há momentos assim em que nem todas as bússolas do universo nos ajudariam a escolher o caminho mais feliz…

Vislumbramos as estrelas e imploramos com a alma quase de joelhos que venha a nós uma luz que indique o caminho menos sinuoso em que a alegria se concretize sem contratempos nem traições.

Anseios, desejos, pressas de acontecer momentos, viver amores, concretizar sonhos, acordar antes de adormecer porque os anos afinal passaram tão depressa, tão fugidios das alegrias que não encontramos pelo caminho desencontrado das nossas vontades, tanto que desejamos para nós…

Perto estão os dias em que o tempo custa a chegar. As horas demoram-se, perdem-se nos caminhos e esperam-se mais tarde…ao entardecer.

Os momentos que se despem, correm horas em escassos segundos. O tempo, a hora, o minuto, o segundo, o desejo do momento que és tu demora-se, perdura em tudo que anseia.

Desenho as letras dos quadros que olho calmamente… Ergo sobranceiramente o instante claro, quase transparente do meu olhar despido de alma e os segredos revelam-se no tremer das entranhas de tudo o que vejo e sinto…ficaste depois de te afastares pelas estradas infinitas do desencontro.
Desci a rua lado a lado, quase o mar, o espanto do encanto, a ilha que se quer esconder.

Não te soube dizer, evitei contar-te as palavras indiscretas, não te quis revelar os sonhos, as esperas do amanhã, descansei nas memórias as recordações do momento que se tornou tesouro no coração. Fiz os desejos imaginados nos dias em que acordei antes de adormecer, revelei no teu corpo os gestos da palavra escrita no pensamento feito anseio. E quis mais antes de partires…

Regressei. Chamei os dias de antes para mais perto do presente. E parei. Quis ouvir de perto as memórias no horizonte. Segredei no olhar a alma, o coração, a pele sequiosa de amar.

Sentei-me ali, na pedra milenar onde outros fizeram fortaleza contra o que pensavam ser o inimigo. Sentei-me aqui tão perto das memórias que em mim habitam, tão longe de qualquer outra vida.
Agucei os sentidos nos cheiros, nos sabores sem provar fosse o que fosse. Senti. Senti-me. Senti-te.
Cheguei ao promontório, parei. Avistei o homem solitário contemplando o mar, um banco que já teve tantas companhias, as solidões que por ali passaram. O que pensarão as vidas que por ali param? O mesmo que eu…?

Abriguei-me naquele momento. Ali. Aqui. Tão perto o mar. tão perto senti, senti-te dentro de mim, por dentro de tudo o que vejo na imensidão.
Pensamentos: , ,
Terça-feira, 26 de Junho de 2007

Ornatus Violeta


Capitão Romance

"Nao vou procurar quem espero
se o que eu quero é navegar
pelo tamanho das ondas,conto nao voltar
parto rumo à primavera
que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que eu sou capaz
hoje o mar sou eu
esperam-me ondas que persistem
nunca param de bater
esperam-me homens que desistem, antes de morrer
por querer mais do que a vida
sou a sombra do que eu sou
e ao fim nao toquei em nada
do que em mim tocou
eu vi,mas nao agarrei
parto rumo à maravilha
rumo à dor que houver pra vir
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido á viagem
pra sentir que eu sou capaz
se o meu peito diz coragem
volto a partir em paz"
Domingo, 6 de Maio de 2007

Mensagem

No silêncio das noites
Na solidão das madrugadas
Pode renascer a esperança
Que saúda cada amanhecer
Suaviza as horas
Embeleza os dias
Tornando-os plenos
De alegria, paz e amor
Com direito ao sonho
Para fazer da vida um poema
Da liberdade um hino
Da verdade um ideal.

Beja, 25/9/92

Autora: Mª Fernanda Argel (mãe)
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As cores da memória

Gosto da chuva
quando,
suavemente,
vai regando a terra,
nos oferece o verde
salpicado
de flores e frutos,
nos lava o rosto,
escondendo a lágrima,
teimosa,
provocada
pela nostalgia
de outro tempo
guardado e contido
no calendário
de tantas memórias
em que eu,
de forma inocente,
desejava a tempestade
porque me ensinaram
a acreditar
que as nuvens partiam
mas no céu deixavam,
para sempre,
o meu Arco Íris.

Beja, 11/1/2001

Autora: Mª Fernanda Argel (mãe)
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Interrogação

O amor sem respeito, admiração e tolerância, é melodia incompleta.

Maria Fernanda

De mãos enlaçadas,
num dia distante,
fizemos projectos.
A tarde caía
e nós, indiferentes,
trocámos afectos.
Depois caminhámos,
em silêncio cúmplice
sorrindo, enlevados.
Dissemos adeus,
por breves momentos
tão encantados!
Finalmente o dia
de todos os sonhos.
E o tempo passou,
veloz e amargo,
deixando a pergunta:
Porque não estamos
mais enamorados?

Beja, 14/2/96

Autora: Mª Fernanda Argel (mãe)
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A lágrima e o orvalho

Se a lágrima fosse
como o orvalho
que a terra recebe
e a flor agradece,
o choro contido,
o soluço abafado
e o medo do pranto
seriam o grito
pela liberdade
de mostrar a dor
e o preconceito,
assim ignorado,
deixaria ver
como tantas vidas
são um desencanto.

25/10/98

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Memória

Contemplo o mar
na hora tardia
deste meu Outono.
E absorta,
nostálgica,
volto a ser menina.
Deixo-me afagar
pela maresia
enfeito os cabelos
com laços de espuma
invento jardins
feitos de sargaço
ponho nos canteiros
murmúrios de esperança
e quase acredito
que sou Primavera.

Beja, 8/3/98

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As cores do Alentejo

Dispersam-se oliveiras
nas margens das searas;
giestas em flor
vestem os caminhos;
despontam girassóis
é verde a distância;
desabrocham rosas
abrem açucenas;
florescem cardos
colheita do pastor;
seca-se o poejo
guarda-se o aroma;
regressam rebanhos
agita-se a charneca;
flautas e chocalhos
quebram o silêncio;
só a planície
permanece triste
porque as papoilas,
com os malmequeres,
já não se encontram
nos verdes trigais.

Beja, 2002

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Reviver

Era mais um Outono
de noites longas
e luar tardio,
igual e monótono,
com restos de Sol,
aquecendo ainda
meus dias inquietos,
então bem diferentes
porque fui feliz
esperando outra vida
que chegou suave
como Primavera
deixando em meu regaço
as flores sonhadas
que eu queria oferecer-te,
em cada momento
de uma vida longa,
plena de amor
e felicidade.

25/9/93

Autora: Mª Fernanda Argel (mãe)
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Tão longe o mar..

Tão longe o mar
da minha infância
que me viu brincar,
crescer e saltar,
desfazer castelos
entre gargalhadas
e nas suas águas
mergulhar as tranças.

Tão longe o mar
de ondas bravias
que se desfaziam
em beijos de espuma
na areia branca
onde divagava
e imaginava
um amanhã
pleno de alegrias.

Tão longe o mar
de tantos segredos
e também dos meus
que ficaram seus
quando o alvoroço
do primeiro amor
me deixou sonhar
que podia amar,
feliz e sem medos.

Meu mar imenso
como eu te lembro
ondulando os barcos
presos nas amarras
e depois da faina
regressando lestos,
devolvendo vidas
a quem esperava,
nas tardes amenas
de um outro Setembro.

Beja, 25/9/98

Autora: Mª Fernanda Argel (mãe)
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